Sporting Clube de Portugal: viveiro inesgotável de semi-inconsequentes talentos distribuídos de forma carinhosa e baratucha pelos maiores clubes Europeus; poço sem fundo de extremos velozes, azeiteiros e tecnicistas; professor dos mais brilhantes alunos da ciência que é levar uma multidão ao orgasmo colectivo através de uma finta de corpo...porém, nem todas as árvores deste pomar dão maçãs reluzentes. Umas têm bicho, outras são farinhentas, e outras sofrem dessa terrível doença que afecta frutos promissores um pouco por todo o pomar de Alcochete: A Gisvite.
No início do Século XXI, uma solitária maçã caiu longe da árvore que lhe deu a vida. Rebolou enlameada, até parar seu percurso junto de um qualquer agricultor que a enviou prontamente para um périplo que passou pelos deprimidos quintais da Maia (pré-Carlos S.), Póvoa de Varzim (pré-e-pós Alexandre) e Faro (pré-posição).
Confirmava-se. O agricultor de Alcochete queria a sua maçã longe das outras, não fosse ela contaminar todo o seu promissor pomar com a terrível Gisvite.
Essa maçã chamava-se Fumo, e os seus sonhos foram-se lentamente esfumando (heh...) à medida que os sintomas da terrível Gisvite se tornavam mais evidentes: visão periférica de jogo afectada pela Doença de Cid, José; recepção de bola a fazer lembrar a ganadaria Higino Soveral; e discernimento em campo semelhante ao jornalista que teve a ideia de fazer a reportagem com o pastorzinho cujo sonho era conhecer a então Mega-Estrela Mantorras.
A Gisvite era uma evidência, e assumia-se galopante.
Perante a fortíssima possibilidade de registar menos evolução na carreira do que o papel higiénico ao longo das décadas, o tristonho Fumo ponderou assumir a sua humilde condição de maçã bichosa, e manter-se à parte do verde pomar que o viu nascer. Mas a vontade, essa, continuava a ser muita. Quem nunca sonhou jogar ao lado de Didier Lang que levante a mão. Pois é... ("tu não contas, Diego Armando, baixa lá isso que já criaste problemas que chegassem aos ilhéus com essa mania.")
Perante esta realidade, os agricultores de Alcochete tomaram uma decisão drástica: boicotar a carreira desta maçã, para que nunca mais sonhasse aproximar-se do seu precioso pomar.
Os tentáculos do verde polvo cedo se espalharam pela Europa, e a UE foi o primeiro passo:
- "Bruxelas Propõe Europa sem Fumo", vociferavam as agressivas parangonas, "(...)a proposta de recomendação hoje adoptada pela Comissão Europeia insta os 27 a agir em "três frentes principais", a primeira das quais a adopção e aplicação de "leis que garantam a plena protecção dos cidadãos contra a exposição ao Fumo em locais públicos fechados, locais de trabalho e transportes públicos(...)"
O avançado moçambicano sentia-se como um John Rambo de 69kg. Renegado pelos seus, impedido de exercer a sua profissão, e impossibilitado de andar de autocarro, Fumo sentia-se perdido: "E agora, como hei de ir ao Pingo Doce comprar mais daquele delicioso chouriço?!? De bicla? Poupem-me!", foi a sua primeira gota de exprssão de dor. Mas havia mais.
Até a normalmente ponderada Comissária Europeia da Saúde, Androulla Vassiliou, alinhou na perseguição ao móvel atacante ex-Sporting:
- "Estou plenamente convicta de que todos os cidadãos europeus sem excepção merecem ser plenamente protegidos contra o Fumo. (...) trabalharemos em conjunto com os Estados-membros para concretizar esta convicção."
Perante esta enxurrada de comprometedores factos, ecos fizeram-se ouvir:
- "Agora é que nunca mais te chegas perto dos nossos incautos rebentos, sacripanta.", regojizava-se em Alcochete.
- "Não era mais fácil atirá-lo das escadas abaixo?", questionava-se na Invicta.
- "Passa o garrafão, ó Toni!", balbuciava-se na Luz.
- "O Yulian tinha uma penca que Ai Jesus!", queixava-se Zé Mota em Paços de Ferreira.
Mas Fumo, estóico, não alinhava no mesmo diapasão (apesar de Marante ser o seu artista popular favorito). O africano, apostando na sua própria agência de contra-informação, conseguiu permanecer em Portugal durante mais quatro épocas, sob o radar das divisões secundárias e do nariz do Yulian (que era mesmo bastante grande, o Mota tem razão).
Porém, os verdes tentáculos sentiram um leve odor a queimado. Primeiro pensaram que teria sido um bolo que Pedro Barbosa teria deixado no forno, mas rapidamente chegaram à conclusão que o Cruyff de Gondomar jamais se esqueceria de um bolo em sítio algum.
Assim sendo, só poderia ser mesmo cheiro a Fumo.
Rapidamente agiram, e lançaram a seguinte lei, de pronto aplicada no Alvalade XXI:
- "De acordo com o decreto Lei nº 37/2007, é proibido Fumo nas zonas de restauração do Estádio, bem como nos corredores de circulação e escadas. No caso particular dos Camarotes deixa-se ao critério dos detentores o Fumo no seu interior, sendo que nos casos em que a opção for positiva, deverão mater a porta de acesso ao corredor fechada."
Sentindo a careca (que efectivamente não tem - senão seria o Semedo) a descoberto, o avançado ao serviço do Olhanense pôs em marcha um processo que acabaria com a sua transferência para o Chipre, onde estaria a salvo tanto da mafia verde, como do punho opressor da UE, visto que ele era da opinião que o referido País não faria parte da União Europeia - sejamos francos, desde que isto se avacalhou até aos 27 membros, que já ninguém tem a certeza de nada.
Assim, lançou mais uma inteligente campanha de contra-informação, desta feita através do bigode de Isidoro Sousa:
- "(...) o presidente do clube algarvio adiantou que o atleta “encontra-se na Síria desde ontem a fazer testes médicos” e não em Israel, como inicialmente estava previsto. “De momento está tudo a ser tratado com o empresário do jogador e desconheço o nome do clube que vai representar”, confessa Isidoro."
O bigode algarvio confessou, e quando um bigode algarvio confessa, nós ouvimos.
Alívio foi a reacção vinda de Alcochete. Os agricultores responsáveis não sabiam bem onde ficava a Síria, ou mesmo Israel, mas "deve ser daqueles sítios onde se lançam bombas e onde mora o Kassoumov".
Sossegados com a ostracização do fumegante delantero, os dirigentes leoninos decidiram guardar os tentáculos no bolso e deixar o futebolista prosseguir a sua esfumaçante carreira bem longe.
De toda a forma, Fumo veio recentemente repudiar comunicados trazidos à baila já durante os anos de 2008 e 2009, a saber:
- "A proibição do Fumo em espaços públicos ou de trabalho está a traduzir-se no decréscimo da afluência de doentes a emergências hospitalares em países que adoptaram a medida", diz um relatório da Organização Mundial de Saúde.
- "(...) distúrbios entre o Mannheim e a segunda equipa do Kaiserslautern resultaram em 36 detenções e oito elementos policiais feridos(...) os incidentes continuaram na estação de comboios, com os adeptos do Kaiserslautern a lançarem bombas de Fumo."
- "A eleição do novo Papa foi anunciada hoje às 17:50 pelo Fumo branco da chaminé da Capela Sistina mas os sinos da Basílica tardaram a repicar. Inicialmente, as imagens do Fumo transmitidas em directo pelas televisões induziram em erro - o Fumo parecia negro, e não branco, só aos poucos "estabilizando" nesta última cor."
Alcochete negou qualquer envolvimento nestas questões.
5 comentários:
Curiosamente, hoje Fumo joga na mesma equipa de outro jogador banido dos estádios portugueses, este mais por motivos de segurança: Pedras.
Este Pedras estava longe de ser um calhau. E não era bem como o Rocha da Académica. Para quem não se lembra, Pedras era "rápido, batalhador, remate fácil, bom batedor de bolas paradas, bom no jogo aéreo e bom tecnicamente e tacticamente". Com todo este manancial, o Chipre escancarou-lhe as portas. Conferir aqui: http://pedras7.blogspot.com/
Voltando à vaca fria e fumegante, é espantosa a omnipresença deste jogador assaz volátil e irritadiço para os olhos.
Cof, cof.
Da entrevista no blog on the seven rocks, destaco:
P- Se fosses outra pessoa quem gostarias de ser ?
R- Eu mesmo.
P- Se não fosses jogador o que serias ?
R- Nunca pensei nisso.
P- Qual o melhor jogador com quem jogaste na mesma equipa ?
R- Plantel sénior do F.C. Porto de 98/99.
smoke on the water...........
se houvesse um jogador chamado fogo, teriamos uma dupla bem incendiária.
já agora, grande pedras. dá entrevistas bem interessantes...
O Bruno Fogaça faria uma boa dupla com o Fumo.
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